Visitando
o blog Espaço Educar me
deparei com uma postagem bastante interessante e oportuna para o momento
atual.Tomei a liberdade de compartilhá-la aqui no blog, pois acho que essa
angústia incomoda grande parte dos professores e professoras.
Leia e
reflita!
Como
trabalhar o dia dos pais com tantas crianças que não têm um pai? O conceito de
família nos dias atuais
O Dia dos pais é uma data importante, enquanto o dia
daquele que nos apoiou e ajudou, esteve presente nos momentos mais importantes
de nossa vida. É um dia para estar perto, agradecer, lembrar, abraçar, reunir a
família.
A comemoração deste dia foi importada dos Estados Unidos, passando
a ser comemorada aqui no Brasil desde 1953. Inicialmente, acontecia em Junho,
mas por motivos comerciais, a data foi transferida para Agosto.
O termo Pai deriva do latim patre: progenitor, genitor, gerador. É a figura masculina da família. A responsabilidade de ser o pai responsável pela educação e sustento dos filhos provém do Século XIX. No Século XX, porém, a mulher já ajudava no sustento familiar.
Todos estes dados servem
apenas para que nos situemos na origem da data, no início da comemoração. E se
perguntarem minha opinião, hoje, sobre datas que não conseguem acompanhar as
mudanças no seio da sociedade, direi simplesmente que elas deveriam ser
extintas. E daí muitos se assustariam! Simplesmente imagino que o dia da
família deveria ser comemorado, no lugar destas datas! Família porque assim
estaríamos respeitando o modo de ser, de viver de cada um! Não estaríamos
excluindo ninguém, pois mesmo um órfão considera família aquela que o adotou.
Deste modo, não interessando se a criança vive apenas com os avós, esta é a sua
família. Se vive com os tios, esta seria a sua família e assim sucessivamente,
todos seriam incluídos, respeitados.
Preparamos e pensamos em tantas lembrancinhas tão lindas e no dia da entrega vemos aquele rostinho meio sem graça de triste, em meio às outras crianças sorridentes. O que fazer? Como lidar com uma realidade que todos os dias vai contra a fantasia?
Não tenho uma resposta
pronta para esta questão. Já dei minha opinião pessoal a respeito. Posso apenas
relatar aqui minha experiência, e quem sabe, ela sirva ou ajude a alguém. Todos
sabemos que o conceito de família, em 2012, não é o mesmo conceito que no
século dezoito. As famílias mudaram, o conceito mudou. Mulheres saem ao
trabalho enquanto o marido cuida da casa, pais criam seus filhos sozinhos, o
divórcio deixou de ser um tabu e casais homossexuais criam filhos, também.
Será que a escola acompanha estas mudanças? Será que conseguimos trazer à nossa pauta estes assuntos REAIS ou continuamos ignorando totalmente o que nos cerca, com a limitada visão de que todas as famílias são perfeitas e ideais como as dos comerciais de margarina?
Estas são as famílias dos comerciais:
Somos a era da imagem, da
velocidade da informação. E nada do que eu diga comprovará melhor que imagens
que, geralmente, falam por si. Apenas para reflexão e análise.
Isto me ajudou a
reformular minhas lembrancinhas e atividades escolares nestas datas, me ajudou
a trabalhar certas datas em classe de modo mais real, menos 'novelístico',
menos 'televisivo'. Sabe por quê? Porque eu tinha uma aluna que foi abusada
pelo pai, um aluno que nunca viu o pai em toda a sua vida, tinha outros
que viam o pai beber até cair e assistiam a mãe trabalhar até não poder mais
para sustentar a casa.
Não sei se estas
'realidades' faziam parte apenas de minha turma, ou se elas se estendem (penso
que sim!) a outros Estados do país e a outras salas de aula Brasil afora.
Ficava pensando: "Como abordar dia dos pais com eles??" "Como
ignorar metade do grupo e fazer lembrancinhas para a outra metade?" Como atropelar
esta dor em prol de uma data comercial? Comercial porque pai é pai todos os
dias! É bonita a homenagem de dar-lhe uma data no calendário, mas pai que não
ouviu um 'eu te amo' o ano inteiro, sinceramente, não precisa ouvir numa data
específica, o significado todo se perdeu no percurso.
Esta é uma família típica do
Nordeste do Brasil:
Família pobre do
Nordeste: o predomínio
das mulheres é cada vez mais nítido
das mulheres é cada vez mais nítido
Imagem Revista Veja
|
Observe que de acordo com
o senso do IBGE o padrão da família basileira não é mais como antigamente.
Aumentou o número de famílias com mulheres sem maridos e com filhos, ao mesmo
tempo em que o padrão familiar deixou de ser aquele televisivo e dos
comerciais. E predominam as famílias onde a mulher é a responsável pelo
sustento, sem a figura masculina.
Voltando ao modo como
trabalhei a data com a turma, explico: Nos sentamos em círculo, alguns alunos
já haviam dito anteriormente: 'o dia dos pais é na semana que vem, eu não
tenho pai'. e conversamos. Falamos sobre a data e sua origem, cada um pôde
falar sua experiência, contar o que este dia significa para ele. Muitos tiveram
coisas ruins para contar. Em outros casos, percebi que mesmo tendo pai, ele era
um grande vazio para aquela criança, pois ela não tinha NADA para contar. Disse
'quase não vejo o meu pai, ele chega tarde e domingo ele sai'.
Então, fizemos uma
redação:
O QUE EU PENSO SOBRE
O DIA DOS PAIS
E gostaria
sinceramente de ter os trabalhos para escanear e colocar aqui, mas não tenho.
Alguns alunos escreveram que era uma data boa para estar perto dos pais,
abraçar, dar um presente. Outros escreveram que a data não significava nada
para eles porque nunca teve um pai. Outros escreveram que o pai havia morrido e
ainda outros que não gostavam de lembrar do pai porque ele não era uma pessoa
boa. Notei que diversos pais, mesmo existindo fisicamente, não existiam, eram
uma lacuna.
Parti para a segunda parte:
MEU GRANDE AMIGO
A conversa foi uma
continuidade do que havíamos conversado antes. Mas desta vez, perguntei a eles
se havia alguém especial de quem se lembravam neste dia. Disse a eles que pai
não era aquele que o gerou e sim aquele que o ajudou, que deu a mão, deu amor,
foi AMIGO. Vi diversos rostos se iluminarem. Eu disse: Então, quero que pense
nesta pessoa. Vamos falar sobre ela e você irá dedicar este domingo a esta
pessoa. A conversa foi diferente e desta vez eles se sentiram mais a vontade,
mais alegres. Cada uma daquelas crianças se alegrou com o termo amigo. Então,
vamos transformar esta data numa espécia de dia do amigo!
Fizemos corações: MEU
GRANDE AMIGO - foi o título escolhido. No cartão, escreveram um
agradecimento a pessoa que lhes deu amor, carinho, que esteve perto. Muitos
escreveram ao avô. Outros, ao irmão mais velho. Alguns ao pai, outros
escreveram a um tio, e dois a um primo.
Fiz estas atividades
porque preferi abordar o tema e modificar um pouquinho a dor do modo antigo de
pensar, imagino que pensando desta forma, que tinham um grande amigo, alguém
especial, poderiam encarar de melhor forma a ausência.
Não tenho ainda todas as
respostas. Não acredito que alguém as tenha. E gosto de saber que o assunto
está inacabado. Desta forma, poderão completá-lo com suas opiniões,
também.
Deixo o tema em aberto para que dêem suas próprias opiniões e sugestões.
Texto: Profª Elizabeth Cavalcante
Consultei:
IBGE
Revista Veja - A família brasileira
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